Passam as gentes pelos átrios
arcos e capitéis, no páteo
arcos e capitéis, no páteo
vem a moça sem pressa
levando os seios espetados
levando os seios espetados
bandeiras em dia da pátria
e a menininha disfarça
o medo da imensidão...
O Largo não passa.
O Largo não passa.
A Faculdade de Direito
de tradição libertária
saúda o velho menestrel.
Já a ocupei em armas
bradei da tribuna alarmas
fugi de ser bacharel.
A Igreja atrapalha
o fluxo da cidade
faz caretas à mocidade
que nela não liga mais.
O Largo de São Francisco
suspira um tempo passado
num templo embolorado
onde havia idéias, ideais
escorrem com letras mortas.
Carrega ossos em suas tumbas
já não produz mais poetas
noturnos de alvorecer
requenta memórias das quais
a cidade esqueceu de esquecer.
A única elisão simpática
na patética estética eclética
cinza, suja, gris
é Silvana que vem flutuante
atrás de seus peitos densos
atrás de seus jeitos mansos
de sorriso desbragado
com sua voz quase rouca
vestido entrado nas coxas
despertar um poeta infenso
que a beija com deleite
e leva como enfeite
rubra boca na boca.
A menininha alerta:
- Mamãe... olha um palhaço! -
e sai correndo, feliz.
A menininha alerta:
- Mamãe... olha um palhaço! -
e sai correndo, feliz.
(Pensão da Zulmira - 20/07/1987
É, Caio...são os tempos modernos... Já não há mais ideais (faltam ideias) e, assim, nossas lutas - representadas pelos "templos" - parecem se reduzir a ruínas.
ResponderExcluirMas o que foi vivido permanece - a moça de voz rouca e a alegria da menininha (cena hilária!)continuam firmes na lembrança.
Beijos
Márcia
Márcia, a quebra do instante severamente "nostálgico" e ácido passa pelo feminino: a moça e a menininha. Uma quebrando a rigidez cartesiana e cinza, com a aparição leve e o batom vermelho atrevido, no beijo. A outra, recolhendo a bandeira e com ela correndo... Vida e Liberdade, talvez? Não saberia dizer.
ResponderExcluirBeijos, minha querida amiga. Grato pela sua presença.
Tudo mudado! O tempo passa, os costumes alteram-se, a religião fica estática e o circo vem para as ruas!
ResponderExcluirBom demais, Caio!
Abraço,
Jorge
Grande Jorge, faz parte. Como diz o poeta Machado, "todo cambia/todo passa"... e " se hace el camino al andar". Amor é bicho festeiro, Mestre, e sempre começa tudo outra vez num círculo mágico. A vida pode nos deixar amargos, amor sempre nos deixa bobos.
ResponderExcluirAbração.
deleite é ler-te! :)
ResponderExcluirGrato pela visita, Vanessa. Por várias razões, não tenho podido acompanhar os blogues de tanta gente boa, dentre a quais o seu. Mas, passada a fase, certamente voltaremos a prestigiar os amigos com a intensidade que merecem. Beijos, também à Luísa...
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