Da interminável e densa e intensa batalha entre memória e história, o que resta são palavras. Só palavras.
Serão eventualmente garimpadas nos escombros do futuro. Estão convidados, porém, a revirar hoje o blogue pelo avesso.
26 de set. de 2009
CHAMAS
Caio Martins
Para a escultora Maria Karini
(img:cvm - maria karini4/1998 - em "mulher, imagens e poemas")
Estilhaçar
teus cenários de concreto e aço
e perder-me sem misericórdias
no emaranhado de teus traços.
Na languidez fatal
imortal de teu abraço
denso, intenso, teu
olhar de susto e salto pronto,
entranhado
na confusão de teus apelos
pelos, cabelos, atropelos
e confrontos.
Daí, deslizar matreiro
por fendas de tuas esculturas
na contramão de teus sinais
vermelhos, em painéis
de pedras, bronze, metais
dilacerando teu sono
com meus cinzéis...
Mas, docemente
levemente perverso
assim
a pouco e pouco
em delicadezas jamais vistas
e requintes de suavidade
- enquanto arqueias irresoluta
entre suores e gemidos
palavrões e riso louco -
inventando às pressas que te amo
antes que incendeies o universo.
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Essa foi uma escopetada na alma do poeta... Como sempre, um perigo de explosão.
ResponderExcluirAbraço.
Coisa mais linda...
ResponderExcluirLindo o poema!!!
ResponderExcluirHá ambiguidade - intencional, com certeza - no título: chamas, do verbo chamar, ou labaredas do fogo? De qualquer forma, quebra a personalização - não intencional - do texto, mas que reflete certamente os sentimentos de todos que conhecem uma linda mulher.
ResponderExcluirLindo, muita coisa..
ResponderExcluirAqui tem a força de amar na sutileza e no perder-se dela..
tem o lúdico dentro do possível, e tem a razão rompendo utopias
porque como num furto permitido se encontra química do olhar ao toque.
vi aqui o retrato do que é uma mulher, ela vai do bronze ao desfrute de soltar-se em braços. E isso poucos entendem
beijinhos anjo
Jorge, bendito perigo, quando vem de artista tão bela e talentosa quanto Karini. Todos nos apaixonamos por ela e sua obra, em 1998, num simpósio de escultores.
ResponderExcluirLetícia, muito gentil, que bom ter gostado.
Marisete, como nos faltam as palavras, quando falamos de artistas insuperáveis...
Guilherme, é mais o verbo, em chamas...
Christi, amar é sempre uma utopia, e quando, por mais efêmero, o "furto permitido" é sólido como metais, traça-se um caminho de delicadezas somente permitidos a artistas. O jogo é, então, singelo brinquedo de crianças.