Caio Martins.
(img: womenstudio-112 - christian coigny)
Não! Não me ames, jamais! Te amas
em mim nua em semiluz, destelhos
de teu olhar, em teu corpo flamas
como fora eu só teu espelho.
Exerces sem pudor os teus enfeites
de vestal e vês, no vidro, teus silêncios
marcados por teus dentes em meu peito.
Não, não amas senão a irreverência
das doidices que invento tão a esmo
somente para refletir teus risos.
Mas se vens tão intangente, alheia
de teus brinquedos, jogos e artifícios
cedo, em abandono, aos teus caprichos
precários de mulher, ninfa, sereia...
Da interminável e densa e intensa batalha entre memória e história, o que resta são palavras. Só palavras.
Serão eventualmente garimpadas nos escombros do futuro. Estão convidados, porém, a revirar hoje o blogue pelo avesso.
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Então... mas não é isso o que chamamos "amor"? E não o fazem só as mulheres, mas também os homens? Como nesse mínimo poema de Gabriel Garcia Marquez: " Quero-te
ResponderExcluirnão por quem és
mas por quem sou
quando
estou contigo"?
Estou com a Aracéli, Caio. E se isto não for amor, o que será? Antes todos pudéssemos refletir o ser amado...se há reflexo, há retorno, troca, entrega.
ResponderExcluirParabéns pelo belíssimo poema.
Beijos
Márcia
O que há de ser do amor senão refletir a loucura.
ResponderExcluirBelíssimo! Bravo, poeta!
Sim! Não te amo, nunca! Amo-me
ResponderExcluirem ti tua nudez árdua luz coberta
da visão, que descarna fogo corpo
no reflexo desta alma toda aberta.
O "realismo mágico" de Marquez tem suave ironia atemporal e universal, Aracéli, característica mais do(a) poeta bem amado(a) que do(a) filósofo(a) amargurado(a) (Sartre dizia que "o inferno são os outros"...). "Espelho" foge a tais profundezas: é singela expressão de um homem encantado com uma mulher, devido afinidades.
ResponderExcluirMárcia, além de afinidade, há o fenômeno da identidade, de aí o reflexo, entrega, troca e retorno e a cumplicidade deles decorrente. Como nada é perfeito, a forma é a de um soneto embaralhado em versos de pés quebrados... Muito me honra e alegra, a sua aprovação.
Grato por suas palavras, Lígia. A "loucura do amor", aparentemente simples folguedo, é essencial à Vida por libertar, abrir caminhos. Nada a ver com a insanidade da paixão que, por irracional, limita e prende, asfixia e oprime.
Sua bela quadra reitera, por paradoxo, o que apresento acima, Rita. A linguagem não falada dos corpos reflete também a construção preciosa de laços em aposição ao mero cio. Aberta a "alma", veremos se não é pequena, se vale a pena.
Agradeço-lhes a generosidade, são muito gentis. Abraços.
Comentar Caio é difícil, é delicado. Amor carnal? Talvez. Sei que a mulher é mais importante; toda vez que a imagem é de Coigny e colocada, a significação é esta.
ResponderExcluirAbraço,
Jorge
Grato pela visita, Jorge. Nem tanto a questão do comentário é essencial mas, sim, a presença prestigiando os amigos. Amar tem muitas faces, mas só se ama o que se conhece. Sexo pode ou não ter algo a ver, todavia uma linda mulher sempre mexe com nossa sensibilidade. Quem inventou, sabia o que estava fazendo.
ResponderExcluirAbração, mano véio.
Bom acordar cedinho na segunda feira,com os ponteiros ainda malucos por ordem maior, que não a do sol e lua,e ler boa poesia.A que te faz parar e ler de novo,mais uma...E o que é destelhos? Sei lá! E se sei, já esqueci. Empurro a preguiça, como aos livros que o cercam, e cato o dicionário no montinho dos 'a ler'.
ResponderExcluirE deduzo que, brincar desejável no olho do amado seja talvez o cerne de toda mulher. Tere.
Teresinha, segunda-feira... 'taquepariu...estou com o Garfield. Destelho: seria um brilho rápido, refletido, quase impossível de captar (há palavras que fugiram do dicionário,creio).
ResponderExcluirVocê diz, em "Versos de Mim"
Nua em espantos
Diante do espelho do verso...
Que lindo poema!
Abraço. Venha sempre, a casa é sua.