Caio Martins
02/02/1968 - Largo de S. Francisco.
(img: cvmO9 - jailson james -XI/O8.)
Ainda eu era menino
botar na linha quiseram.
Não deu certo...
ganhei sermão e pancada.
Desistiram, deram pra rezar.
Sei não, Liliane
mas rezaram errado
nenhum deus me cumprimenta.
Num canto estás
quieta e calada
nua.
(Meu deus, que vergonha!)
Rimos,
não nos deciframos.
(Para quê? Alguém
fugiria com os mistérios...)
Liliane
soltaram a canalha nas ruas
ouvidos secretos soldados
gente rezando errado
com medo de gente nua.
Te dedico meu segredo:
o deus que nos espreita
feroz, violento, forjado
meteria bala de aço
em meu peito aberto
truncado.
Uma bala de chumbo
uma bala de ouro
uma bala...
O resto, Liliane
está guardado na impaciência
de meus atos libertários
armas e livros clandestinos
e nas estórias em que eu,
menino,
alumbrado por tua nudez
desconcertado
botar na linha quiseram.
Não deu certo...
ganhei sermão e pancada.
Desistiram, deram pra rezar.
Sei não, Liliane
mas rezaram errado
nenhum deus me cumprimenta.
Num canto estás
quieta e calada
nua.
(Meu deus, que vergonha!)
Rimos,
não nos deciframos.
(Para quê? Alguém
fugiria com os mistérios...)
Liliane
soltaram a canalha nas ruas
ouvidos secretos soldados
gente rezando errado
com medo de gente nua.
Te dedico meu segredo:
o deus que nos espreita
feroz, violento, forjado
meteria bala de aço
em meu peito aberto
truncado.
Uma bala de chumbo
uma bala de ouro
uma bala...
O resto, Liliane
está guardado na impaciência
de meus atos libertários
armas e livros clandestinos
e nas estórias em que eu,
menino,
alumbrado por tua nudez
desconcertado
sonhava .
O sonho e a realidade que acompanham todos nós, na caneta de Caio, brilhante como sempre. Basta ver a construção.
ResponderExcluirAbraços, Venâncio.
As Arcadas dissolvidas ao fundo honram libertários e poetas. A história registrou suas passagens impregnadas nas pedras que testemunharam suas lutas, seus amores e os reverenciam. O melhor de várias gerações por ali passou, inclusive a nossa. O demais perdeu-se no tempo e não se registrou na memória. Canção Acre para Liliane é um canto de luta pela liberdade escrito por quem se colocou entre o vidro, a bela e a bala...
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