Caio Martins
Para Cristina Lima
(imgart: cvm - augusto coelho -kelli )
Há um ano,
tantos meses, semanas, dias, horas
(essas bobagens do tempo)
você visitou meu quarto.
Eu era o viajante
o cavaleiro andante
de couraça de lata.
Você visitou meu quarto
perdi minha cama, meu copo
meu prato.
Embebedei-me em seu corpo
chorei em suas mãos,
adormeci exausto de sensualidade
partido em quatro.
Um ano, tanto faz,
tanta memória me atropela.
Partido em quatro
em meu quarto de vida
ficou-me a porta aberta.
Cordial, sempre
a visita de meus fantasmas,
um ano, foi agora
e na cicatriz aberta
seu olhar se desconcerta
enrolada num cobertor azul...
Hoje, agora
o tempo se descompassa
no despertador desconjuntado.
Renuente
observo o telefone e espero
(claro, esqueci o número...)
e tão perto eu lhe pressinto.
Daí fico, neste espaço tão outrora,
numa expectativa baça
em meu quarto agora feito
em pedaços.
(Pensão da Zulmira. 27/05/1987.)
Quarto de hotel e que solidão. Me parece que é o primeiro tempo do poema Amor que está no Prosa e verso de boteco. É desses amores que a gente jamais esquece.
ResponderExcluirÉ, Caio. O amor muitas vezes é uma terrível punhalada. Fere fundo.
ResponderExcluirEste foi chorado...
Abraço.
Se alguém fizesse isso comigo eu batia nele. O fulano todo desmanchado e ainda assim dá no pé? O outro poema do Rapadura foi antes, pela data. Essas coisas de amores impossíveis são muito tristes.
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