21 de mar. de 2013

Não chora

Caio Martins

Para Jeanne




 












(img.art:cvm - elizabeth 3/2013/contraluz/aquarela)

Não chora, minha menina, o frio espelho
não vai te delatar nem por um triz
ao revelar teus olhos, teu nariz
constritos e culpados, já vermelhos.

Se te faço rir, se triste, perdoa!
As palavras nada dizem, teu riso
(enquanto em meio delas se revoa)
espalha borboletas sem juízo...

Diz que aceitas o aconchego do abraço
que leve, mais sutil do que safado
te faz rir das ciladas que te faço.

E se, farta de riso, eu já calado,
quiseres surpreender o teu palhaço
bastará que me tenhas sem cuidado.


10 comentários:

  1. Aracéli Martins21/3/13 11:15

    QUE COISA MAIS LINDA,CAIO! Nem vou comentar porque comentário é barulho no vazio que só serve pra espantar as borboletas!

    ResponderExcluir
  2. Respostas
    1. Então, fico feliz, Dulcinea! As palavras, às vezes, têm de ter cores e voar por aí.

      Excluir
  3. Maravilha de soneto, Caio! A Aracéli disse tudo: o brilho do poema não carece de comentários. Basta lê-lo e relê-lo para se encantar!

    Beijos e obrigada pela partilha.

    Márcia

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigadão, Márcia... Suas sugestões e críticas na composição sempre são preciosas, quando me aventuro pelos meandros do soneto. É um privilégio ter a amizade da mais notável sonetista de nossos dias. Beijos!

      Excluir
  4. Ah! Veio então o soneto! Na última estrofe lembra o estilo de Machado (em "A Carolina").
    Não tem a resposta da moça, mas isto pouco importa...
    Abraço,
    Jorge

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. :-) Eita, "seu" Jorge! O estilo do Machado lembraria o meu, eventualmente... Quanto à resposta da moça, é impublicável, devido à consideração por intimidades e privacidades. E, o soneto é o que lá está, rigoroso na forma e libertário nos argumentos. Forte abraço!

      Excluir
  5. Achei simplesmente lindo!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Grato, Maria Coelho! Fico feliz que tenha gostado. Simples assim, como o cenário que pretendi mostrar.

      Excluir

Na busca da excelência aprende-se mais com os inimigos que com os amigos. Estes festejam todas nossas besteiras e involuímos. Aqueles, criticam até nossos melhores acertos e nos superamos.

Categorias, temas e títulos

Seguidores