Caio Martins
Para Stela e Alceu Valença.
(img: cvm - kelly/galaxia - 1999)
Estendeu-se
num gesto sublinhado
o véu de teus cabelos sobre meus olhos.
Diluí-me nas sombras de teus olhos
sem ansiedade, apenas
vacilei entre a dúvida
e a ironia.
O brilho de um rubi em tua orelha
revelou-me a ardentia de teu rosto.
Percorri teu rosto
vacilando entre o alumbramento
e a fria perfeição de teus traços.
O som de tua voz metálica
como o sustenido de um harmônio
fixou-me em tua boca.
Vacilei entre beijos
ou mordidas.
E assim foi lentamente
com teus braços
tuas mãos
teus seios
tuas pernas
teus pés
teu ventre
até ter-te incontida.
Até sucumbirem tramas
regras, usos e costumes
tua perspicácia
meus notáveis argumentos
diluídos febrilmente
na sofreguidão de momento
da umidade convulsa do sexo
em delírio e desvario.
Coisa de bicho-gente
no cio....
(07/03/1986. Peña Los Hermanos - Pensão da Zulmira)
Como dois animais - Alceu Valença - 1997
Da interminável e densa e intensa batalha entre memória e história, o que resta são palavras. Só palavras.
Serão eventualmente garimpadas nos escombros do futuro. Estão convidados, porém, a revirar hoje o blogue pelo avesso.
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Todo exemplo de amor, vem dos animais.
ResponderExcluirQuiséramos nós, seres humanos, sabermos os segredos do amor que os envolve. Eles estão anos-luz à nossa frente!
Belo poema e vídeo!
Abraços
Mirze
Bicho gente no cio faz coisa que até satanás se espanta!
ResponderExcluirBravo, Caio!
Abraço
Jorge
O homem só se permite a completude, quando se submete alcançar o nível dos animais.
ResponderExcluirE como dois animais...
não há pecado, competição,traição...
há apenas os dois, no cio!
Olá Caio,
ResponderExcluirRecebi um email seu e adorei o convit3e a seu blog. Já estou te seguindo. Prometo voltar com mais calma. Adorei este primeiro poema. Deixo o convite para visitar http://emaranhadorufiniano.blogspot.com
Seus comentários serão muito bem vindos.
Abrçs!!!
O poema parece conter um outro, escondido num jogo de palavras muito interessante...a ambiguidade se revela se prestarmos atenção em algumas expressões, como por exemplo: a ardentia do rosto versus a fria perfeição dos traços, o som metálico da voz que se contrapõe ao delírio e desvario. Assim é o bicho-gente...
ResponderExcluirParabéns, Caio.
Beijos
Márcia
Olá!!Recebi um email seu no meu msn e cá estou. Gostei muito do poema, é bem estimulante, e acho Alceu Valença incrível!! Quando puder, dê uma passadinha lá em meu blog, e deixe suas impressões, combinado? http://www.qbonecadoll.blogspot.com. Até lá!!
ResponderExcluirMirze, faço minhas as suas palavras. Fôssemos, os humanos, mais simples e menos prepotentes, seria tudo mais fácil. Inclusive nas relações pessoais.
ResponderExcluirGrande Mestre Sader, é vero... E somos capazes de estranhar os louva-deus, que perdem a cabeça literalmente na hora "H".
Rita, somos realmente seres muito complicados... Talvez, a única desarmonia na Natureza. E, por isso, não a respeitamos e queremos "domá-la". A resposta está nos noticiários e não é coisa boa, certamente.
Rufino, temos uma riqueza imensa nos blogues literários, e se acreditamos no que fazemos, temos de divulgar dentre os melhores. Gostei do seu trabalho, e o felicito por ele.
Márcia, é sempre uma honra, a sua consideração. Como sempre foi ao cerne. Há, de fato, duas leituras em contraponto. Mas, culminando o "efeito animal", nos reduzimos ao mais singelo e simples: bicho-gente...
Daniela, tomei a liberdade de convidar blogueiros ligados à literatura, e que tenham email público. Como disse ao Rufino, temos de divulgar o que fazemos, e conhecer o que fazem. "Caixa de Letras" é, na verdade, uma bonita caixinha de surpresas, só desvendadas para quem as sabe ler.
A todos, meu agradecimento pela visita e palavras, são muito gentis. Dão alento para seguirmos tentando melhorar, sempre.
Tem gente que vive feito bicho, sendo livre e autêntico.
ResponderExcluirAbraços,
Paulo.
Paulo, consideradas as impossibilidades "civilizatórias" (sem elas, não estaríamos conversando agora), essa é a tentativa. Rachando, fatiando o ser uno cartesianamente em compartimentos, o desastre é certo. Seja na ação cósmica, seja num simples momento sexual. Considere-se, também, que o preço de autenticidade e liberdade costuma ser bastante elevado. Contudo, vale a pena pagá-lo. Abraço, grato por sua visita.
ResponderExcluirCoisas de Bichos, é assim mesmo,
ResponderExcluirqual uma torrente,
chega quente!
Efigenia Coutinho
Efigênia, grato pela visita. É como diz, de nada adianta reprimir ou liberar de vez. É preciso conviver harmoniosamente com ele!
ResponderExcluirAbraços.
Gosto muito das músicas do Alceu Valença. Geralmente me fazem sonhar, voar na imaginação...
ResponderExcluirAbraços
Sol
Grande Alceu, Solange. Singelo e cristalino como uma gota d'água, tem a complexidade mágica do universo. Comove e convence. Parabéns pelo seu bom gosto, e volte sempre, a casa é sua.
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