Para Cristina Lima
(img: PB & cores - Isabel Filipe)
Te amei... Como te amei...
Quando te conheci, teu cio
temia as profecias de um amante.
Meu vazio nada temia,
não tinha mais acertos.
A ti, te inventou deus ciumento
zeloso de sua cria.
A mim abortou-me apressada
deusa renegada
bêbada de ironia.
Te vestias de negro, eu
o branco
sujo de tantas cores.
Eras arredia, olhavas
desconfiada um homem sem alvuras.
Te levei a ver a lua...
Na ida ao teu corpo
perdi-me, porém cada poro teu
eu reconheço.
Sabes, hoje,
da minha geografia.
Como te amei... e foi tão pouco!
E no crivo do olhar,
frágeis espelhos findos,
duas crianças se contemplam nuas
assustadas,
rindo.
Pensão da Zulmira
23/06/1987
Paixão digna de ser falada!
ResponderExcluirComeça arrebatadora, e finda como se fossem os amantes crianças assustadas.
Não falta originalidade, Caio.
Abraço
Que confissão Caio, vi a data, o lugar, intui a mulher na tua palavra tão fértil.
ResponderExcluirmuito lindo
"...Na ida ao teu corpo
ResponderExcluirperdi-me, porém cada poro teu
eu reconheço.
Sabes, hoje,
da minha geografia."
Que imagem bonita, Caio! É como se o encontro de dois corpos fosse o encontro de si próprio, da alma de cada um, e que por mais que o tempo passe não há como esquecer. A vivência nunca deixa de existir em nossas lembranças.
Beijos
Márcia
é com orgulho que vejo a minha imagem associada a este belo poema. obrigada.
ResponderExcluirparabéns pelo poema.
bjs
isabel
Sinto certa nostalgia ao ler, ouvir, sempre: te amei.
ResponderExcluirJorge, a existência declina-se em pequenos momentos, raros, nos quais nos reinventamos como crianças. Não importam idades, mas, a essência dos sentimentos, perpetuando-se. Deveria ter escrito "deslumbradas", talvez.
ResponderExcluirWalkyria, grato por suas palavras. É sempre muito gentil. A intuição feminina, longe de mítica, é uma força da natureza: identifica-se com o primordial, no Tempo.
Márcia, sem viver "um grande amor", não se vive amor algum. Carinho, cumplicidade, compreensão, aceitação e principalmente afinidade fazem os corpos falarem linguagem simples, mesmo que sofisticada.
"Há que segurar-lhe a mão,
fazer carinho, mimar
e agradar seu coração"
diz você no belíssimo Ser(afim)... Mesmo que, às vezes, nos surpreendamos, como crianças. Beijos, obrigado pela presença.
Isabel, é honra imensa receber suas palavras. É impressionante como você revela a alma feminina em suas obras, ao mostrá-la só mistérios. Não há como resistir, há que conformar-se... e aplaudir!
Vanessa: "...ouvir, sempre: te amei!"... . É um "sempre te amei" com cores, sons, e formas diferentes, despersonalisado, sem amar o amor que a todos marca e perfila. Por isso menciono os .../frágeis espelhos findos/, ao recobrarmos a identidade (ou consciência). Pode ser assustador. Despojados de máscaras, terminamos rindo. Abração, também para Luísa!
Em 87, eu tb amava assim.
ResponderExcluirObrigada por me lembrar,de forma tão linda.
Beijo
Maria Alice, nada muda, essencialmente; apenas às vezes esquecemos. Que bom que gostou!
ResponderExcluirBeijos. Uma linda semana para você!
nostálgico e tão apaixonado! gostei muito.
ResponderExcluirLiih*, que bom, vê-la por aqui. Tudo que é raro e precioso deixa suas marcas, porém por momentos felizes.
ResponderExcluirPasso em seguida no seu blogue, para deixar uma palavrinha. "Descompassado" fala de momento oposto ao "Travessura".
Beijos.
Finalmente estou conseguindo me reorganizar... logo estou voltando aos poucos....
ResponderExcluirabraço
e me desculpe pela minha ausência
abraços!
Caro Juan, vez por outra a vida vira para o outro lado da meia-noite. Espero que tudo esteja e corra excelentemente bem para você. Sempre vale a pena.
ResponderExcluirAbração, força na máquina.