(img: charles chaplin - arquivos)
A Peña Folclórica Los Hermanos
era providencial:
ficava na frente
dum hospital.
Perto ficavam bombeiros
um pouco além,
a Polícia Militar.
Falhando tudo isso
tinha lá uma capela
onde se podia rezar.
Como noite após noite
pela grade da capelinha
(sob os risos dos bombeiros
e às vistas da polícia)
o bêbado roubava as esmolas
com esmero artesanal.
Assobiei
acenei-lhe como sempre
da janela de minha nave
ancorada no bar.
Parou
bamboleou ectoplasmático
riu torto e como sempre
retumbou:
- Vai pra puta que te pariu, me’rmão!...
... e seguiu, solene, em seu ofício
enquanto a noite principiava
devagarinho a chorar...
(s.b. do campo - 07/03/1986/03:00h.)
Caio
ResponderExcluirClaro que não foi assim, mas certa vez no trem uma pedinte abriu a enorme bolsa, saltando dela um monte de notas e moedas. Diante das exclamações admiradas da renda diária, a reação dela foi exatamente a mesma: "cheia a pqp". Abraço. Milton Martins
E a noite chorou. Não se conformava com um bêbado ladrão de igrejas, ingrato com quem se apiedou dele.
ResponderExcluirAs noites choram muito. O agudo olhar de Caio sabem disso.
Talento não se compra no bar da esquina...
Abraço,
Jorge
Pois é, Milton, certamente não era a vendedora de flores de "My fair lady"... O poema se refere a fato real, numa época de boemia.
ResponderExcluirAbração.
Jorge, não era ingrato, não: só gostava de xingar. Todo mundo gostava dele. Não havia madrugada em que não passasse na capelinha, atrás duns trocados. Mas, naquela, a noite chorou, mesmo.
ResponderExcluirAbração, compadre!
Fico aqui visualizando a cena, imaginando como o bêbado fazia para roubar a esmola...esperto ele, hein?
ResponderExcluir"(sob os risos dos bombeiros
e às vistas da polícia)"
Eis aí algo que parece não mudar com o passar dos anos...
Beijos
Márcia
Uma graça!
ResponderExcluirAbraços
Márcia, a capelinha, mais um oratório, era na beira da calçada e cercada por grade. As pessoas punham velas e deixavam moedinhas. Era só pegar. A "Lei" não ligava, pois tinha um argumento: "-Esmola é pra pobre... Sou pobre!". Figuraça, aparentava não gostar de gente, mas, gostava.
ResponderExcluirBeijos.
Sempre uma alegria a sua visita, Maria Alice. Tirando a "materialidade dos fatos", a cena jamais saiu do palco. Talvez, uma alegria triste, ou o revés.
ResponderExcluirAbraços.
A noite tem histórias pra contar... Que beleza de texto, Caio - me fez lembrar algumas histórias que meu pai contava - ele era um grande contador de histórias. Coisa boa esta lembrança... E o visual do blog ficou lindo! beijo, boa semana.
ResponderExcluirTal naturalidade só nos bêbados de rua, nos loucos e nas crianças.
ResponderExcluirAmei estar junto.
Nydia, a rua, por si só, é mágica. Não há outra escola de vida igual. E a vida à noite adquire particularidades mágicas nas ruas. As personagens são outras, de dia. A mudança do jeitão foi influência de Márcia, nossa querida amiga.
ResponderExcluirGrato por sua visita, sempre um estímulo para continuar tentando melhorar. Beijos.
Bárbara, é vero! A poesia oscila entre o sórdido e o sublime, a aceitação e o inconformismo sem ancorar-se em ponto algum desse território vasto, só transitável por quem não é, naturalmente, inocente. É impossível amar o que não se conhece.
Abração, Guerreira!
Vanessa, Luísa roubou a cena, foi? Está transmitido o recado, depois passo lá para xeretar.
ResponderExcluirBeijos. Obrigado pela visita.
Seu link já está no meu novo blog ;)
ResponderExcluirBeijos.
Que bom! Pensei que esquecera de mim... Gostei muito da mudança, mas ficará a saudade do divã na cozinha. Abração, Vanessa, e obrigado pela gentileza.
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