Para Cristina Lima

(img: PB & cores - Isabel Filipe)
Te amei... Como te amei...
Quando te conheci, teu cio
temia as profecias de um amante.
Meu vazio nada temia,
não tinha mais acertos.
A ti, te inventou deus ciumento
zeloso de sua cria.
A mim abortou-me apressada
deusa renegada
bêbada de ironia.
Te vestias de negro, eu
o branco
sujo de tantas cores.
Eras arredia, olhavas
desconfiada um homem sem alvuras.
Te levei a ver a lua...
Na ida ao teu corpo
perdi-me, porém cada poro teu
eu reconheço.
Sabes, hoje,
da minha geografia.
Como te amei... e foi tão pouco!
E no crivo do olhar,
frágeis espelhos findos,
duas crianças se contemplam nuas
assustadas,
rindo.
Pensão da Zulmira
23/06/1987