Da interminável e densa e intensa batalha entre memória e história, o que resta são palavras. Só palavras.
Serão eventualmente garimpadas nos escombros do futuro. Estão convidados, porém, a revirar hoje o blogue pelo avesso.
19 de jun. de 2010
BECOS
Caio Martins
(img: cvm - janaína/76-02)
Dos becos, em teus cabelos
das tuas sombras me fitas
vagos olhares, aflita
quem sabe ira, ou apelos.
Destinos tolos, sem grita
silêncios largos de zelos,
enrodilhados novelos
entre teias, contraditas.
Ah! teus olhos, tua boca
vincados e sem sorrisos
inexpressivos, sem ecos...
Quisera deixar-te louca
roubar-te beijos de avisos
e perder-me nos teus becos.
19/06/10 - SP.
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Que bom ter um post seu para ler...
ResponderExcluirE esse é tão delicado e sensual...
"...roubar-te beijos de avisos
e perder-me nos teus becos..."
Muito lindo.
Um ótimo fds.
Beijos.
Que lindo, Caio!
ResponderExcluir"...silêncios largos de zelos,
enrodilhados novelos..."
Uma delícia de soneto. Parabéns! Saiu do forno agorinha, né?
Beijos
Márcia
Sete sílabas, e como um soneto, onde Caio sonha, deseja e fica perdido com um amor não confessado.
ResponderExcluirAbraço,
Jorge
Lua, sempre delicada e amável. Grato por suas palavras, volte sempre.
ResponderExcluirMárcia, surgiu e publiquei. Suas palavras me deixam feliz por virem, ao mesmo tempo, de amiga querida e poetisa em quem me espelho. Grato por seu apoio e influência. Fiz a lição de casa direitinho?
Beijos.
Jorge: sonetos, inda mais se reversos e ímpares, são rara arquitetura. Amores confessos ou não, idem. Não há como perder-se, basta seguir as linhas. Abração, Mestre.
"perder-me nos teus becos"
ResponderExcluirTeus finais sempre fazem-me suspirar.
P.S.: o último texto que comentaste no meu blog era meu, rs. Sempre que a fonte for "Cadernos de Luísa", fui eu quem escrevi. Não foi sublinhado em nenhum livro :)
Intenso...
ResponderExcluirVanessa, fico feliz que suspire, há quem se assuste... Não há como não seguir perdendo-me pelos becos, botecos, gente...
ResponderExcluir"Cadernos de Luísa" têm sempre de fundo, para mim, a canção de Jobim. Exorciza.
Beijos, logo volto a fuçar em suas panelas.
Juan, é um prazer vê-lo por aqui. "Becos" rolou pelos escaninhos da mente um bom tempo. Construiu-se sem pressa, até resolver revelar-se. Denso.
Abração.
Ai, ai, ai. Nos becos e nas reentrâncias, nos picos e nas paisagens. Bonito. Milton Martins
ResponderExcluirPois é, Milton: nessa paisagem, há tudo para perder-se!
ResponderExcluirAbração, Mestre. Muito bom, vê-lo por aqui.