2 de jan. de 2014

Oceânico

Caio Martins 


Tens, meu amor, em teu olhar
traços de orvalho oceânico
que só os leem sobreviventes
de holocaustos e fins dos tempos
veteranos de amor e guerra
eternos insensatos insolentes.

Deslizo em ti sem que pressintas
e te abraço como um náufrago
contido na boca do pânico
e lamentas e ris e dizes
palavrões e rezas e quebrantos
e me olhas assim sem ver-te
entre delírios, fúria e vaidade...

Tens no olhar fulgores e tormentas
e navego em ti, argonauta solerte
que teme, porém ama as tempestades.

13 comentários:

  1. Mais um ano de blog-amizade...cheiinho de imagens [poéticas] lindas e radiantes,

    Abração do Pedra do Sertão

    Só para não esquecer:
    www.pedradosertao.blogspot.com.br

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    1. Grato, Aracéli! Como você diz, "Comigo era (é) sempre assim: a rotina do inusitado" - mesmo ao falar do mais corriqueiro. Seguiremos espiando o mundo pelo avesso! Bjs!


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  2. António, que bom ter aprovado o blogue, assim que terminar uma mudança de residência o retomarei e manterei atualizado. Também visitarei seu pedaço e o colocarei dentre os que sigo.
    Forte abraço, saúde e paz.

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  3. Amar as tormentas, sim, é possível. Respeitar é obrigatório...
    Meu abraço, Caio.

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    1. Há que saber navegar, Marujo! Se a fúria das procelas exige audácia e a pasmaceira das calmarias, paciência arguta, somente a sapiência a ambas rege... E esta somente ocorre (ou não) com o tempo. Forte abraço, bons ventos!

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  4. Belíssimo poema, Caio! Há imagens fortes, que tocam o fundo do coração. Ressalto os versos a seguir:

    "e navego em ti, argonauta solerte
    que teme, porém ama as tempestades.
    "

    Há que temer as tempestades, mas amá-las nos faz crescer, não é mesmo?

    Beijos

    Márcia

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    1. É vero, Márcia... não há casualidades, mas, causalidades. Viver é sempre um risco e um desafio, que sempre valem a pena. É nesse mar que o amor singra, inda que não tenha rumo. Beijos.

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  5. Divino! A leitura leva-nos a formar a imagem de cada verso e o desfecho é aquele respirar profundo de emergir à vida...

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    1. Grato pela gentileza, Maria Coelho! Assim sendo, chegou à essência do poema, entre o precário e o provisório... A vida segue em frente.

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  6. Ter encontrado seu blog e nevegar nos seus poemas tem sido um dolorido prazer. E um risco, e uma falta, e um anseio... Revirá-lo pelo avesso é pouco.

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    1. Pois... Em parte memórias, em parte estórias, é resgate de bem mais de meio século a lidar com palavras, mas, tudo está como em única fotografia sempre a transformar-se. Ás vezes em branco e preto, noutras em cores árduas de desvendar. Sempre "um risco, e uma falta e um anseio"...
      Festejo tua visita, Jane. Desta vez não estou metido em nenhuma guerra. Beijos!


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  7. Ora risca-se, outra arrisca-se. E ainda que sôfregos os sentimentos, a sensibilidade sobrevive e traz a tona as emoções... Senão as palavras daquele que brinca com sua literal tradução, se perderiam em tempo prolixo. Quem reconhece sua intensidade, desvenda almas... Belo e encantado poema, Caio. Bj

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  8. Pois é, Rita... só se conhece o mar, e o amar, quando neles se mergulha de cabeça... Todavia, há que saber nadar, e navegar... Abçs.

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Na busca da excelência aprende-se mais com os inimigos que com os amigos. Estes festejam todas nossas besteiras e involuímos. Aqueles, criticam até nossos melhores acertos e nos superamos.

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