Da interminável e densa e intensa batalha entre memória e história, o que resta são palavras. Só palavras.
Serão eventualmente garimpadas nos escombros do futuro. Estão convidados, porém, a revirar hoje o blogue pelo avesso.
3 de nov. de 2009
O DIA
Caio Martins
(img: cvm-mesa de bar - laura123)
Como se hoje não fosse
um dia qualquer
o dia roeu suas engrenagens;
a Moça, com seu melhor sorriso,
mastigou as reticências
e não saí inteiro do outro lado.
Não fosse um dia qualquer
mas, O DIA...
repetição do mesmo pânico,
a mesma angústia, síndrome
de um massacre.
Nada valeu:
preces, cânticos
patuá, guia, orixá...
No consolo de uma refeição dura
na ridícula mesa impura
dum restaurante no fim do mundo
o coração rateou, dolorido.
(Hemorróidas nas coronárias?)
Após o susto, o estupor
o sufoco, grapa añeja
um copo de chope e a comida insossa
restou-me a certeza de que O Dia
não seria hoje,
como será algures, todavia...
Desta vez, Moça,
por mais bela e irresistível
consegui enganar-te! Deixei-te
(Que cafajeste!)
de mãos vazias...
- Até um dia!
Resistencia, 11/12/1987
Chaco Argentino.
Bar “La Vieja Esquina”.
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Como se fosse eu não acredito em bruxas, mas que elas voam, voam. Os mistérios de Caio, por vezes, são insondáveis.
ResponderExcluirAbraço
Cada peça que o coração nos prega, Caio! Você, valente como só, driblou o malfadado dia, valeu-se da pena e fez com que ele valesse a pena.
ResponderExcluirBeijos
Márcia
Para ver, Sobrevivente Estropiado Martins, que vaso ruim não quebra mesmo. É que tinha muito para escrever e tirar do baú, para nossa alegria. Ficou linda a loirinha na loiraça.Se cuide, Poeta.
ResponderExcluirPois é, Mestre Jorge... nada que uma grapa añeja não resolvesse. Mas, um dia ela me pega, ah! se pega...
ResponderExcluirMarcinha, depois deu para rir, pegar o guardanapo e escrever o treco... Mas, na hora, bota susto nisso... e valeu a pena.
Lígia, Lígia... estropiado e vaso ruim, é? Mas, sempre sobrevivente, até que A Moça perca a paciência e resolva acabar com minhas tretas. Saudades, parceira.