23 de nov. de 2014

PROFANOS

Caio Martins

 

















(img: cvm. Jaquie028-2002 - tela)


Não, não me perdoes
não me decifres, nem
adivinhes em tese
ou por força de ofício...

Vem só sóbria, nua
sem fim e sem início.
  
Jamais, meu amor
peças desculpas
ou que te entenda
subentenda ou profetize...

Vem só com o pudor
profano das meretrizes.

(São Caetano do Sul - 23/11/14)

4 comentários:

  1. Teriam as prostitutas pudor profano? Quem sabe, se decifradas. Abraço.

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    1. Milton, a prostituta é contemplada no Antigo Testamento e mitos mais antigos (cf.: The Sacred Prostitute - Nancy Qualls-Corbett, cuja leitura recomendo) e representa o "eterno feminino" em sua plena expressão. Quanto ao sagrado ou profano, no pudor de hoje, nada tem a ver com a maximização da troca sexual por proteção, abrigo e segurança para si e os filhotes, dos tempos patriarcais.
      São indecifráveis. Há, minimamente, que seguir-lhes ou não os ritos e sinais (no caso, a rosa vermelha na imagem cinza). Abração.

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  2. Lirismo e ironia na medida exata. Perfeito, Caio!

    Beijos.

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    1. Grato, Márcia. O jogo implícito nem sempre - ou raramente - coincide ou concorda com o explícito. São algumas vezes mesmo adversos, contraditórios. Há, neles, um limite tênue - e irônico - entre o sagrado e o profano, entre a luxúria e o lirismo. Bjs.

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Na busca da excelência aprende-se mais com os inimigos que com os amigos. Estes festejam todas nossas besteiras e involuímos. Aqueles, criticam até nossos melhores acertos e nos superamos.

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