Caio Martins
Para Jeanne
(img: cvm - rosaverso - 01/12)
Não tremas, nem temas: dança!
Não terás minha cabeça
numa bandeja de lata:
em vão te procuro
nalgum canto escuro
tuas roupas desata...
E somente dança!
Lança tua sedução e fascínio
enquanto escrutino
nas paisagens nuas
tuas grotas, tuas luas
fervor desatino...
Dança, dança, dança!
Vem dentre os lençóis
de meus delírios, vassalos
sem eira, corcéis
apocalípticos
em fuga preciosa...
Mas, dança...
Após o armagedon, descansa
farta e frouxa e frágil, preguiçosa...
Não terás minha cabeça, quem sabe
te deixarei uns versos, quem sabe
uma rosa...
Da interminável e densa e intensa batalha entre memória e história, o que resta são palavras. Só palavras.
Serão eventualmente garimpadas nos escombros do futuro. Estão convidados, porém, a revirar hoje o blogue pelo avesso.
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Como no filme famoso, o pedido eescrito num papelão, na janela da academia: "dança comigo"!
ResponderExcluirCaio aceita o convite... Ainda está bem vivo, e como!
Abraço,
Jorge
Gosto dos poemas como esse, em que a poesia está no entrelaçamento das idéias, mais do que na rígida estrutura das palavras. São as idéias e as figuras que dançam e se harmonizam em mensagem. abrçs.
ResponderExcluirPrezado Escritor Caio, seus versos nos levam ao imaginário sentido, tem perfume de rosa,que a alma inebria e o corpo acaricia,um momento elevado da sua boa poesia, meus PARABÉNS.
ResponderExcluirCom admiração,
Efigênia Coutinho
danza..." que belleza, me has hecho rememorar,tantas cosas,con este bello poema!
ResponderExcluirGracias!!!!
un abrazo
lidia-la escriba
Grande Jorge Sader, nem sempre há que fazer-se o morto, meu amigo. Momentos há em que inexplicáveis mistérios exigem movimento. Então, dançamos, pois! Abraços!
ResponderExcluirGrato, Marcos, por suas palavras. Há melodia, ritmo, que prescindem de fôrmas, sempre e quando haja harmonia. Às vezes, conseguimos. Abraços!
Efigênia, vindas de você, tais palavras muito me honram. É sempre muito gentil! Beijos.
Lídia, la comprensión de la danza és, siempre y cuando sensible, acogedora. Y despierta no solo sensaciones, pero recuerdos e sentires no sospechados. Gracias por tu gentileza. Abrazo grande!
O poema tem movimento intenso; é vertiginoso, delirante... o poeta apela à amada como se tivesse medo de perdê-la, acenando-lhe o prêmio do lânguido descanso, ao final. Agrega pelas dúvidas, rebelde, a sutil ironia de dar-lhe, ao invés da "cabeça" (o domínio de seu ser), dois ícones da sedução: versos e rosa... Sensual e apaixonante, parafrasearia Salomé e João Batista, revirando o mito pelo avesso.
ResponderExcluirMárcia, nem bem fechado o poema, e me veio um trecho do seu belíssimo "Laços lassos":
ResponderExcluir"Aí me pego aflita, em mil pedaços
e me distraio quando escrevo um verso
que me responde (meio de tropeço)
o que já sei de nossos laços lassos.
Agora entendes o meu ser disperso?
É a solidão a reclamar seu preço."
A tal densidade não pode, o "Um verso, uma rosa", senão reverenciar nos próprios termos de suas palavras. É sempre uma honra - e um aprendizado - contar com seus comentários pontuais e sábios. Por si, generosos. Beijos,e obrigado, minha amiga.