Caio Martins
Para Jeanne
(img: linga-3 - christian coigny)
Por que temer, mulher, que eu me desfaça
nas guerras de teu mundo incoerente
que dilaceram teus véus de inocente
essência elementar, com tua graça?
Quisera fosse o mundo indiferente
a tal ardor sutil mas que ameaça
a ordem do universo enquanto traça
vitrais de cicatrizes indecentes.
Desatas tuas bandeiras e sidérea
orbitas aos desmandos do que eu faço
só por querer-te assim tão louca e séria.
E vai-se enfim a noite em descompasso
de dança calcinada e já cinérea
enquanto dormes, farta, em meu cansaço.
Da interminável e densa e intensa batalha entre memória e história, o que resta são palavras. Só palavras.
Serão eventualmente garimpadas nos escombros do futuro. Estão convidados, porém, a revirar hoje o blogue pelo avesso.
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Caio, sei que a estrutura do soneto (rimas, métrica, ritmo) dá um trabalhão, mas valeu a pena! Seu soneto está lindo, repleto de imagens intensas e intrigantes - uma característica toda sua, que chama a atenção pelo caráter épico/lírico presente tanto na poesia em versos brancos como na prosa.
ResponderExcluirParabéns!
Beijos
Márcia
Márcia, vindo de você, tal comentário é prêmio extraordinário. O soneto é realmente difícil, exige tempo e persistência. Todavia, há que seguir os melhores Mestres, como você.
ResponderExcluir"Descompasso" é, sim, um emaranhado de significados, incluindo a imagem que se ajusta com precisão ao texto (calcinada, cinérea).
Beijos, minha amiga, e obrigado por sua presença.
Um soneto! Dez bem contadas sílabas, expressivo aos extremos...
ResponderExcluirÉ, amigo Caio, este conhecimento estava escondido na manga.
Excelente, parabéns.
Abraço,
Jorge
Jorge, não fosse a assistência de Márcia, não teria saído. Além de conhecimento faz-se necessária muita paciência para compor um soneto. O primeiro não é tão difícil, basta seguir regras. A segunda que é o problema... De vez em quando dá certo!
ResponderExcluirAbração, meu amigo.
Caio, andei passeando pelo teu blog, pelos teus escritos no Vote Br, andei passeando bastante, dediquei a você meu tempinho livre de hoje e, de repente, descobri que muito mais do que a você, eu dedicara esse tempo a mim mesma. Obrigada, amigo. Grande beijo.
ResponderExcluirIsabel.
www.isabelvasconcellos.com.br
twitter: @bellavas
escritora, produtora e apresentadora
Band TV, Rádio Tupi AM
Um lindo poeta, um retrato do querer agir dentro do ser que se ama... Revigoramos cansaços, dentro da vontade do outro.
ResponderExcluirLindo teu blog!
Isabel, grato por suas palavras, que sei serem de coração. Nos quase seis anos de Vote Brasil aprendi a respeitá-la como jornalista e pessoa, e a dedicar-lhe muito carinho.
ResponderExcluirBeijos.
Janaína, a vida ensina que somente ficam na memória as pessoas que nos marcaram positivamente. Imagens, momentos, palavras, gestos. Disso se faz a magia da existência. O resto não tem importância.
Grato pela visita, volte sempre.
Parabéns! um soneto! acho q pra maioria dos poetas é a maior dificuldade para criá-lo, e mesmo para os mais "moderninhos" dos leitores que se dizem avessos à estrutura fixa em poesia, o soneto sempre causa um impacto. Lindo. bjs
ResponderExcluirZenaide,há dois desafios no soneto: primeiro, a síntese do conteúdo sem perder significados; depois, a matemática da forma que obrigará recorrer a sinônimos, analogias, para não prejudicar o primeiro.
ResponderExcluirÉ exercício árduo de idioma, e briga feia para conter o estouro da boiada no curral... Geralmente ela derruba a porteira!
Beijos, grato por suas palavras e aprovação.