Escolheu-te ofício áspero, ingrato
de destilar em versos tantos fatos
e dar-te em vez de sóis ou luz de lua
o horizonte escuro, ao rés das ruas.
Te acompanharam sempre os libertários,
as putas com a escória, incendiários.
Te acompanharam sempre os libertários,
as putas com a escória, incendiários.
Por cantares no amor, os seus amores
verteram o teu sangue, os ditadores.
Espanha cinza de Garcia Lorca!
Longe de tuas guitarras, vinho e dança
tirou-te a vida, a bala, em fúria torta!
Partiste sem grinaldas, excelências,
qual criança de encontro com a morte
restando do teu sangue a tua ausência.
Partiste sem grinaldas, excelências,
qual criança de encontro com a morte
restando do teu sangue a tua ausência.
Bravo!! Um belíssimo soneto!! Trágico e intenso como a vida de Garcia Lorca. Só me resta aplaudir. A imagem de Carlos Saura parece ter sido feita para este soneto.
ResponderExcluirGrata pela partilha.
Beijos
Márcia
Garcia Lorca é um dos poetas que mais valorizo e a foto, de "Flamenco-Flamenco" com a bailarina Sara Baras, é espetacular. Todavia, não é material de consumo. Eu que lhe agradeço a atenção e generosidade, Márcia. Há que aprender com os melhores, no que você se destaca. Beijos!
ExcluirCaio
ResponderExcluirVocê se refere a Flamenco-Flamenco como não material de consumo. Nem mesmo Garcia Lorca me parece que seja, meu amigo. Eu mesmo me deparo com essas "angústias" - escrever sobre temas de não consumo - mas, tanto quanto igual a você insisto e os atiro nos rumos do "éter. Quem sabe alguém aproveite ainda que seja alguma única linhas. Quanto ao poema, gostei muito. Abraço. Milton Martins.
É por aí, meu caro amigo... Vivemos momentos de tão impregnada mediocridade que só há dois caminhos: persistir no combate, por mais aprendizes que sejamos e contar com que alguns lerão algumas linhas, ou desistir e festejar a estupidez humana como paradigma de excelência... Não é e nunca foi, definitivamente, sua praia. Nem a minha! Grato por suas palavras. Abração.
ExcluirLeio esse poema hoje, dia em que morreu o Videla. Foi-se também sem grinaldas e excelências.
ResponderExcluirMas é o contrário de um Lorca: viveu matando. Que opostos mais impressionantes.
Lindo o que você escreveu - verdadeiro, saído da alma. Um presente para quem lê.
Exatamente, Aracéli... Mas, se servir de consolo, o nome bem lembrado não será o dos tiranos e assassinos. Lorca, em toda sua complexidade tornou-se, mais que um símbolo de resistência ao arbítrio, numa lenda que se perpetua no reconhecimento universal de sua vida e obra. Que bom, que tenha gostado! Beijos, maninha!
ExcluirLindo lindo lindo!!! A minha primeira leitura no domingo!!! Show!!!
ResponderExcluirObrigado, Mestre Juliano. Todo meu carinho com Joinville, terra de gente boa! Forte abraço.
ExcluirO povo espanhol guarda dentro de si um vermelho tinto de sangue. Seus mais expressivos artistas provam isso.
ResponderExcluirMuito bonito, Caio!
Meu abraço.
Jorge
Disse, o Guimarães Rosa, que "quem mói no aspro, não fantaseia"... Além de Guernica e do assassinato de Lorca, de fato correu sangue na Espanha, sob o fascismo. Amo essa terra, meu amigo! Provavelmente por lá vivi, em outra encarnação... Forte abraço, me'rmão!
ExcluirMarcante, beijo Lisette.
ResponderExcluirGrato, Lisette! Muito me alegra sua visita!
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