Passam as gentes pelos átrios
arcos e capitéis, no páteo
arcos e capitéis, no páteo
vem a moça sem pressa
levando os seios espetados
levando os seios espetados
bandeiras em dia da pátria
e a menininha disfarça
o medo da imensidão...
O Largo não passa.
O Largo não passa.
A Faculdade de Direito
de tradição libertária
saúda o velho menestrel.
Já a ocupei em armas
bradei da tribuna alarmas
fugi de ser bacharel.
A Igreja atrapalha
o fluxo da cidade
faz caretas à mocidade
que nela não liga mais.
O Largo de São Francisco
suspira um tempo passado
num templo embolorado
onde havia idéias, ideais
escorrem com letras mortas.
Carrega ossos em suas tumbas
já não produz mais poetas
noturnos de alvorecer
requenta memórias das quais
a cidade esqueceu de esquecer.
A única elisão simpática
na patética estética eclética
cinza, suja, gris
é Silvana que vem flutuante
atrás de seus peitos densos
atrás de seus jeitos mansos
de sorriso desbragado
com sua voz quase rouca
vestido entrado nas coxas
despertar um poeta infenso
que a beija com deleite
e leva como enfeite
rubra boca na boca.
A menininha alerta:
- Mamãe... olha um palhaço! -
e sai correndo, feliz.
A menininha alerta:
- Mamãe... olha um palhaço! -
e sai correndo, feliz.
(Pensão da Zulmira - 20/07/1987