28 de jun. de 2011

BAILARINAS

Caio Martins













(img: cvm - mariann/arquivo - 1998)

Atrás da figura
etérea, desconvexa,
que flutua num palco
como quem
se perde na esquina;
atrás
da sinfonia patética
das cruéis sapatilhas
tules arrogantes,
asfixiantes corpetes
e frágeis calcinhas,
está presente
contida
a mulher
onde o homem se perde
onde o homem se encontra
some e consome;
a mulher
onde tudo começa
onde tudo termina
esperando
escondida
a menor distração
da menina...

Adriana Calcanhoto - de Chico Buarque e Edu Lobo





5 comentários:

  1. Caio
    Na bailarina, pelos seus gestos harmônicos, está o encanto da mulher-menina que se transforma em mulher-moça. E aí tudo começa e tudo acaba. Beleza de poema. Abraço. Milton Martins.

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  2. E chega um momento (em breve tempo), em que nada mais serve...as sapatilhas, assim como os corpetes, se rompem e o que estava contido explode freneticamente, dando lugar à mulher e pondo um fim a uma realidade que antes parecia ingênua.
    Belíssimo poema, Caio! Há que lê-lo com atenção, como fez o Milton, para descobrir as imagens nele contidas...
    Obrigada pela partilha.

    Beijos

    Márcia

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  3. Anônimo8/7/11 22:56

    Está nas pontas dos pés o peso da glamour. Nas ponteiras as marcas das aberrações das unhas deformadas. Voam presas as bailarinas.
    Aplausos.
    Rita Lavoyer

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  4. E tudo termina quando baixam os panos!

    Abraço
    Jorge

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  5. Milton, a transformação deve ser dramática, para não dizer traumática. Nós, machos do rebanho, certamente não temos condições de compreender tal magia. A Natureza é sábia: nós? Quando muito, meros aprendizes. Abraços, meu caro amigo.

    Minha querida Márcia, não por acaso existem Musas e não "musos". A mulher é onde tudo começa e tudo termina. Não poderia ser, portanto, um ser pragmático e obreiro como nós, homens. A extraordinária e imprevisível mudança feminina tem aspectos que fogem à percepção masculina; o mais sábio dos homens é, nesse caso, um tolo. É onde se exige, plenamente, o papel de dono da boba dona do bobo... Beijos, muito carinho.

    E nós, sem nada poder fazer, aplaudimos, Rita... No palco da vida, o custo do bailado é extremo para as bailarinas, voam presas, sim... Até que, eventualmente, surja o ponto de sustentação que as liberte ao libertar-se, principalmente de preconceitos. Abraço, grato por sua visita e suas palavras.

    Jorge, ao baixar-se o pano, e apagarem-se as luzes do espetáculo da vida. Sempre vale a pena! Abraços, Mestre.

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Na busca da excelência aprende-se mais com os inimigos que com os amigos. Estes festejam todas nossas besteiras e involuímos. Aqueles, criticam até nossos melhores acertos e nos superamos.

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