17 de ago. de 2010

O PICADEIRO MÁGICO

Caio Martins.

Ao Carlos Drummond










(img: cdandrade - edit.bestbolso)

O circo cinza
estremece
cinzas espalha e pó
e nós tocamos um clarinete afônico
menor.

Caem
as cortinas de teu palco
onde foste, impretérito,
palhaço, público, equilibrista
ator.

Lá na porta estrafalária
do céu da poesia
o Vinícius, o Andrade, o Bandeira,
tantos outros,
a te receber.

É então
que choras enfim liberto,
poeta, quando
vestida de canto azul
Elis vem te encantar.

Nós ficamos
olhando teus óculos
o mundo nos teus óculos
num peso, numa
pena danada.

(BsAs –06/07/1988)

9 comentários:

  1. Cenário que nos deixou saudade.
    Mas, como a arte é imortal, ficam os livros, quadros, discos e tantas coisas mais, que Caio traz ao "Poemas".

    Abraço,
    Jorge

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  2. Q texto lindo...gotoso de ler, mas de uma sauddezinha...

    Abraços

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  3. Caio, você criou a magia de trazer, por uns instantes, Drummond e Elis para perto de nós.
    A verdadeira poesia tem destas coisas...este poema vai fundo na alma de tão intenso e rico em emoções.
    Obrigada pela partilha.

    Beijos

    Márcia

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  4. "...do céu da poesia"

    Dizer mais o quê?

    abraços e um sorriso...

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  5. Caio,

    enquanto ouvirmos Drummond e Elis, eles continuam tão vivos como sempre. Teu poema os revive e recorda (re-cor-da: recoloca no coração).
    Beijo.
    Aracéli.

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  6. Meus queridos Jorge, Paula, Márcia, Cristina e Aracéli, grato por suas palavras. A vida é curta, o mundo é pequeno, e o que os torna dignos são raros seres extraordinários que meteoricamente nos visitam. Como Carlos, Elis e vocês.

    Meu abraço mais carinhoso.

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  7. MILTON MARTINS22/8/10 19:41

    Caio
    Estive lendo com calma os três último poemas, um melhor que o outro. Voltaste do intermezzo bem inspirado, pelo que se constitui excelente notícia. De outro lado, ve permitiu comparar a Elis com a Gal. Com a Elis é mais harmônica, sô!
    Parabéns, meu amigo, por toda sua criação literária e de incentivo a ela de seus amigos e seguidores.
    Abraço
    Milton Martins.

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  8. Juan,ao menos, tentamos. Disse certa vez que amo tanto as palavras que, talvez, por isso as maltrate tanto...
    Abração, caro Mestre.

    Milton, seu comentário me honra, e muito. Recuperados dentre as papeladas dos anos 60, os últimos poemas foram reeditados e atualizados. E é orgulho meu tê-lo convencido a voltar a escrever. Tem dom e talento raros, não poderia ficar "na moita".
    Elis e Gal têm estilos diferentes; ambas são intuitivas e instintivas, com mais ou menos elaboração harmônica. Grandes intérpretes, sem a menor dúvida.

    Abraços, meu querido amigo. Jamais pare de escrever.

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Na busca da excelência aprende-se mais com os inimigos que com os amigos. Estes festejam todas nossas besteiras e involuímos. Aqueles, criticam até nossos melhores acertos e nos superamos.

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