26 de set. de 2009

CHAMAS


Caio Martins
Para a escultora Maria Karini











(img:cvm - maria karini4/1998 - em "mulher, imagens e poemas")

Estilhaçar
teus cenários de concreto e aço
e perder-me sem misericórdias
no emaranhado de teus traços.

Na languidez fatal
imortal de teu abraço
denso, intenso, teu
olhar de susto e salto pronto,
entranhado
na confusão de teus apelos
pelos, cabelos, atropelos
e confrontos.

Daí, deslizar matreiro
por fendas de tuas esculturas
na contramão de teus sinais
vermelhos, em painéis
de pedras, bronze, metais
dilacerando teu sono
com meus cinzéis...

Mas, docemente
levemente perverso
assim
a pouco e pouco
em delicadezas jamais vistas
e requintes de suavidade
- enquanto arqueias irresoluta
entre suores e gemidos
palavrões e riso louco -
inventando às pressas que te amo
antes que incendeies o universo.

6 comentários:

  1. Essa foi uma escopetada na alma do poeta... Como sempre, um perigo de explosão.

    Abraço.

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  2. Letícia - SP29/9/09 05:44

    Coisa mais linda...

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  3. Lindo o poema!!!

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  4. Guilherme Jr.6/10/09 09:47

    Há ambiguidade - intencional, com certeza - no título: chamas, do verbo chamar, ou labaredas do fogo? De qualquer forma, quebra a personalização - não intencional - do texto, mas que reflete certamente os sentimentos de todos que conhecem uma linda mulher.

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  5. Lindo, muita coisa..

    Aqui tem a força de amar na sutileza e no perder-se dela..
    tem o lúdico dentro do possível, e tem a razão rompendo utopias
    porque como num furto permitido se encontra química do olhar ao toque.
    vi aqui o retrato do que é uma mulher, ela vai do bronze ao desfrute de soltar-se em braços. E isso poucos entendem

    beijinhos anjo

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  6. Jorge, bendito perigo, quando vem de artista tão bela e talentosa quanto Karini. Todos nos apaixonamos por ela e sua obra, em 1998, num simpósio de escultores.
    Letícia, muito gentil, que bom ter gostado.
    Marisete, como nos faltam as palavras, quando falamos de artistas insuperáveis...
    Guilherme, é mais o verbo, em chamas...
    Christi, amar é sempre uma utopia, e quando, por mais efêmero, o "furto permitido" é sólido como metais, traça-se um caminho de delicadezas somente permitidos a artistas. O jogo é, então, singelo brinquedo de crianças.

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Na busca da excelência aprende-se mais com os inimigos que com os amigos. Estes festejam todas nossas besteiras e involuímos. Aqueles, criticam até nossos melhores acertos e nos superamos.

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